sábado, 13 de novembro de 2010

Congresso Internacional : políticas de igualdade de gênero


O Congresso Internacional “As políticas de equidade de gênero em prospectiva: novos cenários, atores e articulações” foi promovido pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais e pela Cátedra Regional da UNESCO para Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina. Este congresso se realizou nos dias 9 a 12 de novembro em Buenos Aires, nas dependências do Ministério das Relações Exteriores e teve como objetivos:

· Revisitar as dinâmicas políticas de e para a igualdade de gênero desenvolvidas em diferentes contextos, para aprofundar e aprender sobre os seus fundamentos, alcances, limites e elaborar projeções para o futuro.

· Impulsionar a energia inovadora dos estudos de gênero e apostar na mudança social por meio de políticas e ações potentes.



O Congresso teve a participação de aproximadamente mil pessoas, de diferentes países da América Latina e representantes de outras nações. Pela manhã aconteciam as conferências que se realizaram em torno de cinco eixos de reflexão, os quais foram:

· Desafios do processo de globalização nas políticas de eqüidade de gênero;

· Mulheres, ciência e desenvolvimento com igualdade;

· Transformacões das relações de gênero no contexto da crise econômica: aprendizagem e projeções futuras;

· A igualdade de gênero na construção da Sociedade do Conhecimento: Estratégias de inclusão e inovação;

· Desafíos na construção do diálogo intercultural: vozes e iniciativas de mulheres.


Na parte da tarde aconteciam as atividades especiais e mesas onde diferentes expositoras colocaram experiências de intervenção social e de pesquisas. Eu tive a oportunidade de apresentar um trabalho intitulado: “as políticas de gênero no sistema de proteção social brasileiro: Uma estratégia de redução da desigualdade de gênero”. Nesse trabalho procurei mostrar como aconteceu a trajetória das políticas de gênero no sistema de proteção social brasileiro e o seu processo de consolidação e fortalecimento durante o governo Lula, por meio da criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Discuti, ainda, as iniciativas de programas atuais, os desafios na implementação das políticas de gênero, apontando algumas proposições que podem possibilitar um impulso maior na concretização das ações do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.


As temáticas das conferências foram muito complexas, envolvendo aspectos de econômicos, políticos, interculturais, étnicos, tecnológicos e do pensamento intelectual. Entretanto, destaco aqui apenas algumas idéias mais simples relacionadas à construção das relações igualitárias de gênero, no cotidiano.

Em geral, sente que se teve grandes avanços no pensamento feminista e na conquista de políticas que garantam os direitos das mulheres e a igualdade de gênero . No entanto, é preciso continuar pensando, sonhando e lutando, pois ainda vivemos num mundo em que o pensamento e as formas de organização social são androcêntricas. A mudança cultural é um processo lento. Convivemos com grandes desigualdades sociais de gênero em todos os níveis da organização social.

Precisamos continuar construindo um pensamento feminista crítico e um movimento social dialogante. Precisamos escutar as vozes femininas subalternas e fazer ciência a partir das práticas, para que se possa de fato compreender a realidade.

Precisamos consolidar a memória da luta das mulheres nas relações intergeracional para que não se repita o passado. Passar de uma política voltada para as mulheres para uma políticas das mulheres, de uma economia para as mulheres à uma economia das mulheres e, assim por diante. Só mudamos a realidade quando estamos presente no interior dessas mesmas realidades. Como mulheres, precisamos libertar o nosso desejo e a nossa imaginação, pois a cultura nos colocou sempre numa posição do “sim”, da submissão. Durante muito tempo nos foi seqüestrada capacidade de reflexão e de criação. É preciso aprender a pensar, a ousar e a sentir que podemos construir um mundo melhor, a partir das necessidades que temos como mulheres.

Avançamos na igualdade de sexo, pois hoje não é mais o sexo que nos impede de estarmos em alguns lugares. No entanto, não avançamos na igualdade de gênero. Se pensarmos pela perspectiva de gênero, ou seja, das construções culturais e sociais da maneira de ser do masculino e do feminino, nos deparamos com um mundo cujo modelo válido e reconhecido é o masculino. Em outras palavras, com um mundo construído dentro da visão e dos anseios masculinos. As mulheres, em geral, entram nos espaços públicos e se adaptam a norma masculina, ou androcêntrica. Precisamos mudar este mundo baseado na racionalidade e na competição, pois a competitividade desumaniza. Necessitamos sim, de um mundo baseado na cooperação e, as mulheres são as protagonistas deste novo modelo de relação social.

Neiva Furlin

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Uma irmandade chamada Provincia São Francisco de Assis. Um grupo de 105 mulheres de várias etnias e regiões desse país chamado Brasil. Estão presentes em vários países desse globo. Tem como opção de vida seguir Jesus Cristo ....

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