O Congresso Internacional “As políticas de equidade de gênero em prospectiva: novos cenários, atores e articulações” foi promovido pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais e pela Cátedra Regional da UNESCO para Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina. Este congresso se realizou nos dias 9 a 12 de novembro em Buenos Aires, nas dependências do Ministério das Relações Exteriores e teve como objetivos:
· Revisitar as dinâmicas políticas de e para a igualdade de gênero desenvolvidas em diferentes contextos, para aprofundar e aprender sobre os seus fundamentos, alcances, limites e elaborar projeções para o futuro.
· Impulsionar a energia inovadora dos estudos de gênero e apostar na mudança social por meio de políticas e ações potentes.
O Congresso teve a participação de aproximadamente mil pessoas, de diferentes países da América Latina e representantes de outras nações. Pela manhã aconteciam as conferências que se realizaram em torno de cinco eixos de reflexão, os quais foram:
· Desafios do processo de globalização nas políticas de eqüidade de gênero;
· Mulheres, ciência e desenvolvimento com igualdade;
· Transformacões das relações de gênero no contexto da crise econômica: aprendizagem e projeções futuras;
· A igualdade de gênero na construção da Sociedade do Conhecimento: Estratégias de inclusão e inovação;
· Desafíos na construção do diálogo intercultural: vozes e iniciativas de mulheres.
As temáticas das conferências foram muito complexas, envolvendo aspectos de econômicos, políticos, interculturais, étnicos, tecnológicos e do pensamento intelectual. Entretanto, destaco aqui apenas algumas idéias mais simples relacionadas à construção das relações igualitárias de gênero, no cotidiano.
Em geral, sente que se teve grandes avanços no pensamento feminista e na conquista de políticas que garantam os direitos das mulheres e a igualdade de gênero . No entanto, é preciso continuar pensando, sonhando e lutando, pois ainda vivemos num mundo em que o pensamento e as formas de organização social são androcêntricas. A mudança cultural é um processo lento. Convivemos com grandes desigualdades sociais de gênero em todos os níveis da organização social.
Precisamos continuar construindo um pensamento feminista crítico e um movimento social dialogante. Precisamos escutar as vozes femininas subalternas e fazer ciência a partir das práticas, para que se possa de fato compreender a realidade.
Precisamos consolidar a memória da luta das mulheres nas relações intergeracional para que não se repita o passado. Passar de uma política voltada para as mulheres para uma políticas das mulheres, de uma economia para as mulheres à uma economia das mulheres e, assim por diante. Só mudamos a realidade quando estamos presente no interior dessas mesmas realidades. Como mulheres, precisamos libertar o nosso desejo e a nossa imaginação, pois a cultura nos colocou sempre numa posição do “sim”, da submissão. Durante muito tempo nos foi seqüestrada capacidade de reflexão e de criação. É preciso aprender a pensar, a ousar e a sentir que podemos construir um mundo melhor, a partir das necessidades que temos como mulheres.
Avançamos na igualdade de sexo, pois hoje não é mais o sexo que nos impede de estarmos em alguns lugares. No entanto, não avançamos na igualdade de gênero. Se pensarmos pela perspectiva de gênero, ou seja, das construções culturais e sociais da maneira de ser do masculino e do feminino, nos deparamos com um mundo cujo modelo válido e reconhecido é o masculino. Em outras palavras, com um mundo construído dentro da visão e dos anseios masculinos. As mulheres, em geral, entram nos espaços públicos e se adaptam a norma masculina, ou androcêntrica. Precisamos mudar este mundo baseado na racionalidade e na competição, pois a competitividade desumaniza. Necessitamos sim, de um mundo baseado na cooperação e, as mulheres são as protagonistas deste novo modelo de relação social.
Neiva Furlin
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