sexta-feira, 11 de junho de 2010

II ASSEMBLEIA POPULAR NACIONAL





De 25 a 28 de maio realizou-se em Luziânia-Go a II Assembléia Popular Nacional com o tema: Na construção do Brasil que queremos. Estavam presentes aproximadamente 500 pessoas provenientes de quase todos os estados do Brasil, militantes de diversos movimentos sócias, comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas), pescadores/a, marisqueiras, pastorais sociais, igrejas e associações...
Após a mística inicial Ir. Delci Franzem assessora nacional da CRB abriu a mesa com a análise de conjuntura, falando dos desafios para construir o projeto popular e, começou apontando as novidades desde a última Assembléia em 2005: a crise econômica mundial, ambiental, ético-cultural, energética, etc. lembrando que dentre elas a mais grave é sem dúvidas a ambiental e que as crises precisam ser enfrentadas simultaneamente e não isoladamente, pois uma é conseqüência da outra, gerando uma crise civilizacional baseada numa visão linear de desenvolvimento econômico onde o consumo é o motor propulsor. A terra não suporta este tipo de desenvolvimento, nós ultrapassamos a medida, prova disso é a irregularidades e intensidade das chuvas. O capitalismo insiste que o futuro econômico é promissor e nessa lógica pensa que os recursos naturais são infinitos. A maioria dos mega projetos estão dentro desta concepção. Todos os projetos de agrocombustível são exemplos do projeto expansionista e todos esses ignoram a complexidade da crise.
Estamos presos ao modelo de sociedade industrial:
Estado financiador - fortalece empresas privadas e investe em setores estratégicos. Ex. BNDES que usa dinheiro público para socorrer grandes empresas como a Vale e tantas outras
Estado investidor – Que por iniciativa própria implanta grandes projetos para aquecer a economia sem considerar os impactos sobre o meio ambiente e sobre as populações atingidas, muitas vezes expulsas de seus territórios. Gerando uma nova categoria: Os impactados.
Estado social – Que cria programas assistencialistas para manter os mais pobres quietos e não atrapalhar seus projetos.
A crise civilizacional não pode ser criticamente compreendida nem politicamente enfrentada sem uma metodologia adequada, ou seja, olhar sua totalidade, não dissociar a parte do todo, ter uma visão holística, pois toda ação tem um efeito sobre a causa que a provoca.
Da crise brota outra civilização, brota o novo é uma esperança já realizada aos poucos. Nas comunidades que não se acomodam com o capitalismo há movimentos que apontam para o novo: as iniciativas camponesas que valoriza a diversidade; a agroecologia; a espiritualidade: a economia solidária; os catadores/as; a luta das mulheres...
A assembléia popular é um espaço capaz de abarcar esse novo, capaz de gerar as mudanças necessárias e dar sustento a esse novo paradigma, um modelo de desenvolvimento e um projeto popular para esse país


O que dizem os assesores:
Joaquim – MST- Faz a análise a partir do diálogo com vários países de nosso continente enquanto movimentos sociais.
Estamos vivendo um novo ciclo de lutas sociais no continente. Estamos num processo de transição importante, não acreditamos que estejamos num momento favorável ou pré-revolucionário nem que a situação seja tão crítica que já não haja o que fazer.
Esse novo ciclo traz elementos importantes, uma nova conjuntura, nos deparamos com três projetos:
1-O projeto imperialista - hegemonia dos EUA, em qualquer canto que ousem enfrentá-los eles passam por cima com seu projeto de dominação. Aqui no Brasil sua atuação é através do projeto neoliberal, ao impedirmos a implantação da ALCA em nosso território conseguimos frear esta hegemonia sobre nós.
2- Projeto de Integração Capitalista- um projeto hegemonizado pela República Federativa do Brasil, o Brasil ganhou grande importância na atual conjuntura, intermédia até conflitos internacionais, é a 2ª maior economia do continente e a 8ª do mundo, faz parte do grupo BRIC ( Brasil, Rússia, Índia e China) que juntos detém 16% do PIB mundial.
Os recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) são usados pelo BNDES para financiar empresas capitalistas brasileiras.
O Terceiro projeto tem como princípio a solidariedade entre os povos, apresentar uma proposta contra tudo isso que está aí. Nosso desafio é: Como levar adiante esse debate? É importante continuar essa integração continental? Como nós vamos potencializar os meios de comunicação a favor de nosso projeto?
O projeto popular não pode ser baseado numa agenda reivindicatória e muito menos corporativista. A proposta é construir uma grande assembléia continental em março de 2011 esse foi um desfio assumido em Foz do Iguaçu.
O Joaquim insiste que o nosso inimigo não é o desenvolvimento e sim o capitalismo que explora e nega o direito do trabalhador “ ... não sou contra o progresso e o desenvolvimento, o Brasil tem que avançar, sou a favor do progresso e do desenvolvimento desde que o lucro seja repartido com todos os trabalhadores.” Penso que devemos atentar para este tipo de discurso desenvolvimentista, pois é próprio do capitalismo, que influencia mesmo aqueles/as que lutam pelo projeto popular, pois a terra precisa mais de cuidado que de “desenvolvimento.”
Ricardo Gebrim – Ass. Popular de São PauloO projeto popular não começou conosco, somos herdeiros de lutas que foram construindo o que chamamos de Assembléia Popular. O primeiro ponto é revisar o Brasil que queremos, é resgatar o caderno construído em 2005 e ter claro quem é nosso inimigo.
“Quem não sabe contra quem luta jamais poderá vencer.” (Prov. Chinês)
Nosso inimigo é a burguesia, precisamos destruir este estado burguês o estado é uma forma de organização de uma classe dominante. Um objetivo concreto é conquistar o estado, nosso desafio é oferecer uma ferramenta que promova a unidade entre os trabalhadores/as, os movimentos, as bandeiras de luta para ajudar a construir o projeto popular para o Brasil que queremos.
Sandra Quintella – AP Rio de JaneiroEstá acontecendo uma transnacionalização das terras brasileiras, nossas terras estão sendo compradas por grandes grupos transnacionais;
Não existirá projeto popular se não enfrentarmos o processo da dívida externa, pois ela é um instrumento de dominação. Enfrentar também a dívida social que tira do orçamento recursos para o BNDES que por sua vez investe em empresas como a Vale e a Petrobrás que cada vez mais se transnacionalizam e levam para o exterior aquilo que é nosso. Bem como as obras do PAC “Projeto para Acabar com as Comunidades.”
Ivo Polleto – GoiásJá não existe 2005, estamos em 2010 e o mundo já mudou muito.
Precisamos incorporar em todo projeto de Brasil o espaço que a terra nos oferece como espaço de vida, e que a terra antes de nós tem direitos, ela não é uma coisa qualquer, ela não agüentas mais o modo humano de se relacionar com ela.
Precisamos defender os direitos da mãe terra, é preciso acabar com o capitalismo antes que ele acabe com o planeta. Os índios da Bolívia chamam em um congresso os povos da terra para repensar a vida na terra, para lembrar que é possível uma economia diferente e que governante é a pessoa que obedece ao seu povo e não aquela que manda.

Foi com grande satisfação que participei da II Assembléia Popular Nacional, sobretudo por ver o povo ocupando seu próprio espaço sem intermediários, exercendo a sua cidadania e se empoderando para suas lutas.
“Lutar,lutar poder popular
Dandara, Marighela o povo a luta!
Canudos, alfaiate projeto popular!
Lutar, lutar assembléia popular!”

Ir. Suelí de Santana
CPT Ruy Barbosa

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Uma irmandade chamada Provincia São Francisco de Assis. Um grupo de 105 mulheres de várias etnias e regiões desse país chamado Brasil. Estão presentes em vários países desse globo. Tem como opção de vida seguir Jesus Cristo ....

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