A
primavera do povo negro sempre foi de luta, desafios, resistências e
conquistas. Suportaram o peso da escravidão, mas não se renderam. Muito pelo
contrário, se rebelaram. Essa é uma forma de dizer “somos fortes”, ou seja,
ninguém pode matar o sonho de um povo!
A
grande homenagem ao rei zumbi se expressa nas lutas de hoje. Zumbi não morreu,
ele vive em cada negro/a que luta.
Celebrar
o 20 de novembro significa retomar as rédeas da história e trazer a memória a experiência
de vida que nossos antepassados deixaram como legado. É um passado muito
presente, almejando um futuro promissor.
Quando
falamos de consciência negra, não nos referimos apenas a grupos afros que se
apresentam no palco das escolas, das igrejas, das universidades e dos teatros
etc. É muito mais do que isso. Significa
ver com os olhos do coração a partir de uma consciência que é negra, de uma
identidade negra e de uma cidadania que está sendo reconstruída com o
protagonismo afrobrasileiro. Esse novo tempo desponta nas comunidades
quilombolas, nos terreiros de candomblé, nas conquistas coletivas contra o
racismo e discriminação, nas inúmeras organizações das mulheres negras, no meio
da juventude com suas iniciativas contra a morte, nas expressões da beleza
negra, nos encontros de formação e tantos outros.
Tornar
– se negro é um processo desafiador é viver a experiência de ter sido massacrada/o em sua
identidade, confundida/o em suas expectativas, submetida a exigências absurdas
além de ser constrangida com expectativas alienadas. Foram séculos de negação.
Por essa e outras razões nem toda pessoa negra aceita essa identificação, essa
identidade, esse reconhecimento, essa história.
O Censo de 2010 revelou
que 51,1% da população brasileira se auto definiram afrodescendentes. Isso
significa que o cenário na questão racial está mudando, graças a força do
movimento negro, pastorais, entidades, e grupos afro em conseqüência das
políticas públicas brasileiras que tratam de valorizar a identidade de negros e
negras através dos programas e ações voltadas para essa população.
Portanto,
ter consciência negra é não banalizar a cultura afro, é respeitar as religiões
de matriz africana, é lutar por políticas de promoção da igualdade racial, é
dizer não a morosidade das autoridades em relação a titulação das
comunidades quilombolas, é combater todas as práticas racistas que estão a nossa volta. É assumir o espaço
na Igreja e na esfera pública, é lutar pelo direito a terra, moradia, educação
e saúde.
É
importante avaliarmos se o nosso discurso e nossas ações não estão demonizando
Zumbi e santificando a princesa Izabel.
Essa
é uma caminhada de negros, brancos, índios e demais etnias. Foi o caminho de Zumbi
ontem e do povo brasileiro hoje.
Axé!
Irmã Silvana S. Gomes
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