domingo, 19 de agosto de 2012

MUTIRÃO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE

 
“A terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos/as da terra.”(Cacique Seatle,1855,EUA)
Nós irmãs da Coordenadoria Todos os Santos em assembléia eletiva assumimos junto com as CPT (comissão pastoral da terra) Rui Barbosa, Irecê, regional BA e paróquia Nossa Senhora da Graça a realização do mutirão em defesa do meio ambiente nos dias 05 a 10 de agosto de 2012 na região do Morro do Chapéu.
 
Morro do Chapéu se caracteriza por um bioma riquíssimo e muito especial. Esse município, além de inúmeras belezas cênicas é habitat de diversas espécies animais e vegetais que se encontram em risco de extinção. Em função da preservação, foram criadas duas áreas especialmente protegidas: o monumento natural da Cachoeira do Ferro Doido e o Parque Estadual de Morro do Chapéu. Essa área possui remanescentes de vários biomas como caatinga, cerrado, campo rupestre, cactáceas endêmicas e formas esculpidas no arenito onde se abrigam os sítios arqueológicos.
As grandes empresas estão chegando à região, com o objetivo de explorar minérios e instalar extensos parques eólicos.
A atividade da mineração gera profundas alterações, modificando a estrutura física e social do local, onde está situada a mina. A extração, processamento e transporte dos recursos minerais causam: desmatamento, modificação da paisagem, utilização de grandes volumes de água através de poços perfurados, alto consumo de energia, geração de resíduos, poluição do ar e da água, vibração e rachaduras nas casas, doenças respiratórias, câncer entre outras.
 
Em Morro do Chapéu constam 73 alvarás com uma área de 70.679 hectares à disposição da mineração nas mãos de 26 empresas e foram detectados 10 tipos de minérios diferentes: mármore, ferro, barita, granito, quartzito, argila, dolomito, calcário, ouro e minério de ferro.
A mineração destrói a natureza, mata nascentes, polui rios, explora os trabalhadores, mata e mutila pessoas, expulsa agricultores de suas terras e gera violência, alcoolismo e prostituição.
 
A energia eólica, ou produção de energia a partir da força dos ventos através de pequenos cataventos, começou ser implantada no Morro do Chapéu. As regiões onde os parques eólicos estão operando revelam que toda área ocupada pelos aerogeradores é gravemente degradada, terraplenada, fixada, fragmentada, desmatada, compactada, com alteração da morfologia, topografia e fisionomia.


 
Com o objetivo de conscientizar as comunidades sobre os impactos ambientais desses grandes projetos, é que uma equipe de agentes se colocou em marcha no mutirão em defesa do meio ambiente, visitando, reunindo e conscientizando o povo sobre as ameaças, destruição, poluição, expulsão da população  nativa de seus territórios, e tantos outros problemas.
Participaram do mutirão, 23 agentes da Diocese de Rui Barbosa, Irecê, Jacobina, comunidades de Morro do Chapéu, Irmãs Catequistas Franciscanas da Coordenadoria Todos os santos das fraternidades de Salvador, Itaberaba, Assentamento Beira Rio e Morro do Chapéu.
Numa semana de intensa movimentação, foram detectados muitos problemas da conjuntura local: migração, desertificação da região, seca extrema, trabalho escravo nas regiões onde o povo migrou, alcoolismo, morte dos principais rios, desaparecimento das fontes de água, salinização de poços artesianos,... Muitos agricultores que fizeram contratos com as empresas de energia eólica já estão sendo prejudicados, muitas questões de título de terra, contratos mal feitos e enganadores, grilagem e compra de terra por um preço irrisório.
As equipes visitaram mais de 50 comunidades, escolas, grupos culturais, associações, cooperativas, comunidades quilombolas, bairros, ruas, roça do povo, frentes de serviço....


No primeiro e segundo dia, três equipes visitaram as escolas municipais, estaduais e privadas. Foi um trabalho intenso de explanação do assunto, debates, roda de conversa, realização de oficinas sobre a temática. Algumas escolas se comprometeram a dar continuidade com o estudo do material incluindo a temática em algumas disciplinas do currículo escolar.
Em Morro do Chapéu há muito tempo existe um trabalho ativo, dinâmico e concreto com jovens e com comunidades a respeito das questões ambientais.Uma esperança está no ar!
Para a maioria das pessoas que participaram, o mutirão foi uma chamada  de atenção para pensar, refletir, questionar, se organizar para enfrentar os grandes projetos do capital, do agronegócio...
Surgiram várias propostas e encaminhamentos como: formação de uma equipe que aprofunde esse assunto junto com a CPT da diocese de Irecê e a CPT regional para aprofundar também o assunto em outras comunidades onde se faz necessário; articular todos que receberam a visita a fim de traçar um plano de ação; fazer um trabalho de formação das lideranças a respeito desses projetos em nível de setor; estabelecer uma parceria com o grupo agroecologia (Jubilino) e outros.
Na sexta feira, todas as equipes se encontraram e fizeram uma profunda avaliação, seguida de um delicioso almoço.                                   
Pela equipe
Irmã Silvana Sampaio Gomes.

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa, não podemos deixar que os grandes projetos tirem a esperança dos pequenos em continuar nas suas terras.

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Uma irmandade chamada Provincia São Francisco de Assis. Um grupo de 105 mulheres de várias etnias e regiões desse país chamado Brasil. Estão presentes em vários países desse globo. Tem como opção de vida seguir Jesus Cristo ....

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